quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Hospital de São Lourenço: O gigante ainda suspira

Diretoria do Hospital sai confiante da reunião
Greve do Banco do Brasil é apontada como um dos vilões na crise

Dr. Estevão, Mauro Junqueira, Gilson Belém, Dr. Gabriel, Dra. Heloísa, Marcio Santiago, vereador Carlinhos Sanches e Dr. Leonardo: Confiança que o hospital sairá da crise 

O Hospital de São Lourenço que completa 79 anos em janeiro de 2014 se fosse comparado a um paciente estaria na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Respirando com auxílio de aparelhos e em coma induzido. Testes de apnéia feitos com o paciente não indicam situação irreversível e houve resposta do paciente. A escala de Glasgow indica traumas moderados na faixa de 9 a 12. Com isso a equipe médica (diretoria do hospital) que cuida do paciente (hospital) acredita na sua recuperação.
Essa foi a impressão passada por todos que participaram da reunião no Hospital de São Lourenço na noite de hoje (07/11). Os discursos ao final do encontro foram de que o Hospital de São Lourenço tem salvação e que não haverá necessidade de um milagre para salvá-lo. Precisa só de dinheiro.
Ao final da reunião foi produzido um documento que todos os presentes assinaram. A assessoria de imprensa do hospital, divulgou o ofício que está publicado no final da matéria.
Marcio Santiago, presidente do Conselho Diretor do Hospital de São Lourenço fez uma revelação surpreendente. Mesmo considerando a falta de repasse da prefeitura de São Lourenço, a greve dos funcionários do Banco do Brasil é um dos responsáveis pela crise financeira que o Hospital atravessa: "Foi uma reunião muito boa pois serviu para prestar esclarecimentos não só aos nossos colaboradores como também aos senhores médicos e a comunidade de São Lourenço. O Hospital passa por momentos difíceis mas as perspectivas de melhorias para o ano são grandes e palpáveis. Isso que estamos aguardando não só do secretário municipal de saúde Mauro Guimarães que aliás faz um bom trabalho. Somente o município de São Lourenço através de seus problemas financeiros não vem conseguindo manter os repasses mas compreendemos. Se o município tivesse receita suficiente estaria fazendo o repasse tranquilamente. Com relação aos pagamentos, dentro de no máximo uma ou duas semanas no máximo serão efetuados. Isso aconteceu por falta de repasse do próprio governo federal para com o estado e do estado para conosco tendo em vista a greve que se instalou no Banco do Brasil. O Ministério da Saúde trabalha só com o Banco do Brasil e com a greve parou tudo, ficando represado os pagamentos. Agora que estão começando a chegar estas receitas" explica Marcio Santiago.
O Diretor-Presidente do Conselho Diretor ainda informou algumas coisas que assustaram a comunidade são-lourenciana, mas que segundo ele não passaram de boatos: "Antes do final de novembro vamos acertar esta situação. Estamos com dificuldades de ortopedistas mas três estão atendendo sim, portanto não há risco nenhum para esses pacientes até mesmo em caso de cirurgias. Não procede a informação que cinco médicos teriam pedido demissão do Pronto Socorro. Estes médicos não fizeram isso ainda. Sobre a interrupção de cirurgias não existe nada sobre isso. Todos os cirurgiões tem consciência de sua missão e da necessidade deles para com o povo", garantiu Santiago.
A notícia que chega por conta do próprio diretor-presidente Márcio Santiago faz alusão ao Hospital de Caxambu. Santiago confirma que o Hospital de São Lourenço está em negociação para assumir o hospital de Caxambu. A informação é verídica e estaria sendo feita pelo Secretário de Estado de saúde Antônio Jorge: "Ele prometeu verbas extras para isso e nós estamos negociando esta situação. Esse mês de novembro é o prazo final para isso, para assumirmos a direção em 1º de janeiro de 2014", concluiu Márcio Santiago.
O vereador Evaldo Ambrósio considerou esclarecedora a reunião. O vereador Evaldo afirmou que está em negociação com os deputados estaduais Lafayete Andrada e Juarez Távora para resolver o problema da dívida do Hospital para com a Cemig. O vereador Chopinho garantiu que o canal de negociação com a Cemig foi aberto através do vice-presidente Arlindo Porto que determinou a abertura de negociação para um parcelamento da dívida. O Hospital deve à Cemig cerca de um milhão e meio de reais. Segundo o vereador se o hospital pagar uma pequena contra-partida a Cemig doará um equipamento para esterilização de materiais cirúrgicos novo e muito mais econômico em termos de consumo de energia.   
Outro vereador presente na reunião foi Carlinhos Sanches que inclusive é membro da diretoria do hospital. Ele saiu satisfeito da reunião diante das colocações do secretário municipal de saúde, Mauro Guimarães. Carlinhos Sanches foi o primeiro presidente a repassar verbas excedentes da Câmara para o Hospital de São Lourenço.
O ex-secretário de saúde, Dr. Lessa, hoje provedor do Hospital de Carmo de Minas, também saiu animado da reunião: "Existe uma estratégia de aporte de recursos novos e que em nenhum momento podemos pensar em fechar as portas com profissionais de altíssima qualidade. Saí desta reunião muito otimista e está em boas mãos o hospital de São Lourenço. Este esforço em conjunto dará bons frutos e a população tenha a certeza que vamos sair desta situação", disse o confiante Dr. Lessa.
Para o presidente do Conselho Curador do Hospital Gilson Belém não existe outro caminho a não ser o diálogo e prestar contas aos médicos e aos funcionários da instituição. Durante suas palavras na reunião, Gilson Belém conclamou a todos para remarem na mesma direção. Ele viu na reunião um alento e a partir de janeiro de 2014 vislumbra um horizonte mais claro para todos. A mensagem que ele deixou para médicos e funcionários é que tenham mais um pouquinho de paciência: "Precisamos de um valor que não é tão grande para varar estes dois meses que faltam e acredito e peço a Deus para que possamos dar um natal melhor para esses abnegados funcionários e médicos do hospital", disse Gilson Belém.
O provedor do Hospital Gabriel Dias Pereira acredita que reunião atingiu seus objetivos. Segundo o provedor ele nunca duvidou de que o hospital superaria a crise que atravessa e jamais pensou em fechar o mesmo: "Mostramos a crise que vivemos mas também apresentamos as soluções.  Em momento algum vi o Hospital de São Lourenço fechado. A crise não passou mas estará superada em 60 dias", afirmou Gabriel Dias. Ele prega a união neste período que será turbulento e a crise estará superada em breve.
A vice-prefeita Patrícia Lessa esteve na reunião e se mostrou sensibilizada com tudo que ocorre: "Foi uma reunião positiva e podemos dar uma boa notícia à nossa população que está tudo sob controle e as dívidas serão sanadas. Estamos tendo muito apoio dos governos estadual e federal e saímos muito mais aliviadas da reunião sabendo que o hospital não irá fechar", afirmou a vice-prefeita.
Mauro Guimarães Junqueira, secretário municipal de saúde disse que um aparelho deste porte como o hospital que atende uma região inteira não pode fechar: "Nenhum governo vai deixar isso ocorrer. Atendemos 280 mil pessoas da região. O que o hospital de São Lourenço precisa são de novos leitos pois ele está sempre operando com sua capacidade máxima. E isso acontece porque tem assistência e é referência. A equipe é boa e os médicos são de excelência. É o único hospital que possui taxa de ocupação de 100%. Os demais hospitais de nossa região estão operando somente com 20% de sua capacidade. O Estado e União estão mobilizados e o pacote das filantrópicas anunciados pelo Ministro Padilha aumenta em 50% os repasses para o hospital de São Lourenço. Vamos passar novembro e dezembro apertados, mas já em janeiro vendo um aumento no repasse de verbas", finalizou Mauro Junqueira.
Veja mais fotos:

 Médicos e funcionários acompanham a reunião

 Vereador Chopinho, Dr. Musse e Dr. José Roberto Araújo

O empresário Rodolfo, Jair Pereira de Carvalho e vereador Evaldo Ambrósio

No final da reunião a Dra. Heloísa faz a leitura do documento assinado pelos presentes

Eis o Ofício do Hospital de São Lourenço:

São Lourenço, 7 de outubro de 2013.

OFÍCIO CONS. DIRETOR S/No
O Conselho Diretor, em nome de todos os membros do Conselho Curador, vem através deste documento informar e colocar as dificuldades financeiras deste Hospital.
Precisamos do apoio de todos no sentido de solicitar - junto aos órgãos municipais, estaduais e federais - recursos para que o Hospital da Fundação Casa de Caridade de São Lourenço possa continuar prestando assistência hospitalar à cidade de São Lourenço e toda a microrregião, composta por 27 cidades.
Os indicadores mostram que temos prestado uma assistência de qualidade. Segundo Relatório Anual 2010 do Pro-Hosp (Programa de Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais SUS/MG):
- estamos entre os 16 hospitais com melhor desempenho em taxa de referência;
- temos a 3ª maior taxa de ocupação hospitalar, em torno de 103% (ficando atrás apenas dos Hospitais de Betim e Contagem) e a maior entre os hospitais microrregionais.
No entanto, esta instituição vem apresentando um déficit mensal em torno de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais).
No mês de outubro/2013, o Hospital apresentou um déficit de R$ 625.321,17 (seiscentos e vinte e cinco mil, trezentos e vinte e um reais e dezessete centavos).
Dívida com a CEMIG: R$ 1.556.000,00 (um milhão, quinhentos e cinquenta e seis mil reais).
Dívidas bancárias: R$ 9.384.591,96 (nove milhões, trezentos e oitenta e quatro mil, quinhentos e noventa e um reais e noventa e seis centavos).
Em outubro/2013, deixamos de pagar prestadores de serviço e fornecedores.
Segue, em anexo, nosso fluxo de caixa.
Diante desse panorama desfavorável, necessitamos de recursos imediatos para honrar nossos compromissos e mantermos o atendimento a toda a população.
Assim, os abaixo-assinados (folha em anexo) solicitam a antecipação de parte dos reajustes que serão efetivados a partir de dezembro/2013, com termos aditivos (já acertados) na Contratualização, no IAC e no Pro-Hosp.


Exmo. Sr.
Dr. Antônio Jorge de Souza Marques
Secretário de Estado da Saúde
BELO HORIZONTE/MG

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